Artistas e todos os outros profissionais da Cultura, das empresas e instituições a ela associadas, vão votar nestas eleições. Ou não, dada a apatia gerada pelo comportamento das forças partidárias organizadas no País.
Fomos ver o que dizem os programas dos partidos engajados nas eleições legislativas deste ano, uma vez que lugar a discussão das propostas foi alienado pelas generalizadas acusações fúteis.
O panorama não é brilhante, com propostas que não se discutiram publicamente e reflectem falta de cultura e de políticas culturais, e uma alarmante cultura política divorciada do sector cultural.
A impressão com que se fica é que, ideias, só as dos artistas.
Estatísticas do INE referentes a 2019, calculam que a cultura empregava 132.200 pessoas, número que representava 2,7% do total da economia. Dados do Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avalição Cultural (GEPAC) indicam um crescimento de 23,8% do trabalho no sector em cinco anos, apesar de Portugal ocupar a quarta posição na lista dos países da União Europeia com menos peso no total do emprego cultural.
O que dizem os programas
Começando pelo PS, o seu programa dedica quatro páginas e meia da sua 2ª Missão à Cultura, Artes e Comunicação Social (páginas 71 a 75). É razão para ler e apreciar o tíbio conteúdo proposto.
Já o PSD e respectiva aliança democrática ignoram simplesmente o assunto. O que não pode deixar de acender muitas luzinhas vermelhas.
O Chega mete a Cultura no separador da Portugalidade e diz que a sua política assenta em cinco eixos, que nomeia, mas para os quais fornece intenções, mas não ideias ou acções específicas.
O Bloco de Esquerda, cujo programa, com 275 páginas, o mais extenso destas legislativas, dedica 7 páginas à Cultura, reclamando o aumento de dotação orçamental para o sector, actualmente com menos de 02% para um redondo 1%. A ver vamos, porque do enunciado à prática já há algumas décadas de exasperante experiência.
A CDU dedica duas páginas à Cultura, repetindo os lugares-comuns de todos os partidos que nela falam.
O Livre também apresenta 7 das 155 páginas do seu programa à Cultura. Com algumas propostas já em vigor através das políticas europeias existentes.
A Iniciativa Liberal dedica duas páginas do seu programa de 166 (contando os separadores) à Cultura, na mesma secção do Desporto. Um esboço de intenções.
Para o PAN, que avança pelas causas, a Cultura não é, obviamente uma. Sem referências.
O RIR, com incontornável Tino de Rãs a concorrer pelo Norte do País, dedica duas páginas (17 e 18) do seu programa à Cultura. A Alternativa Democrática Nacional escreve cinco curtos parágrafos sobre o assunto.
O Ergue-te apresenta 13 artigos sobre Educacão e Cultura, com maior destaque para a primeira.
Alguns conteúdos do MRPP/PCTP são em verso e não menciona sequer o termo, à semelhança do que acontece com a Nova Direita. O mesmo se aplica ao Volt Portugal.
A Alternativa 21 concorre apenas em Ponta Delgada, aparentemente sem um programa que se possa consultar.
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